Após atingir 900 pontos na redação do Enem, ex-detento baiano alcança bacharelado em Direito

Durante o período de reclusão, Rui Barbosa começou a estudar e se interessar por Direito

Foto: Arquivo pessoal

Rui Barbosa, um auxiliar administrativo de 50 anos em uma empresa privada, concluiu o curso de Direito neste ano. Sua trajetória poderia parecer comum  à primeira vista, mas um detalhe particular a torna um exemplo vivo dos princípios educacionais.

Rui é egresso do sistema prisional baiano. Com uma nota de 900 pontos na redação do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL), ele conseguiu ter acesso ao ensino superior. Além de ser contratado por uma empresa de cogestão prisional, a Socializa. Esta trajetória mostra que é possível reconstruir a vida após o cárcere, tendo a educação como pilar para esse caminho.

“A sociedade e o Estado precisam investir na ressocialização do egresso prisional. […] A educação é o caminho para chegar a qualquer lugar, mesmo antes de cometer qualquer delito. Uma vez que teve a má sorte de cometer um ato criminal, o retorno à sociedade através da educação ainda é o caminho”, diz Rui Barbosa, em entrevista ao Metro1.

Durante o período de reclusão, Rui Barbosa começou a estudar e se interessar por Direito. Em 2018, foi matriculado no curso de Direito de uma instituição de ensino superior privada. Ao concluir a faculdade, foi admitido pela empresa Socializa, e hoje trabalha como auxiliar administrativo.

Ressignificar para ressocializar

Gabrielle Vitena, professora de sociologia e pesquisadora da área de violência e punição, afirma que o sujeito egresso do sistema prisional enfrenta uma série de problemas na saída da prisão. Estes incluem questões socioeconômicas, falta de documentação e obstáculos relacionados ao acesso a recursos essenciais, como transporte, moradia e emprego.

“O Estado criou uma estrutura de punição que agride as pessoas encarceradas, e a gente sabe que tem um sistema de punição que atua de maneira seletiva, com um público sociorracial preferencial ali”, ressalta Gabrielle.

A socióloga argumenta ainda que há uma falha no sistema prisional e no mecanismo punitivo como um todo. Para ela, nenhuma política, projeto ou programa será capaz de sanar esse problema maior. “Precisamos pensar em horizontes que estejam mais focados em não criar problemas do que em criar problemas e depois ter que criar soluções para esses problemas”, salienta.

Fonte: ON

Next Post

Capital da cerveja: saiba o segredo que torna Alagoinhas berço da produção de breja na Bahia

Sáb Nov 11 , 2023
Cidade produziu, em 2022, 1,38 bilhão de litros de cerveja e gera mais de 5 mil empregos diretos e indiretos no setor Seu nome remete à presença de lagoas, rios (Sauípe, Catu, Subaúma e Quiricó) e córregos existentes no local. É a esse potencial aquífero natural que Alagoinhas deve a fama de terra de um outro […]

Postagens