Verba amplia atendimento para pacientes em hemodiálise

Governo do estado passa a cofinanciar o tratamento em clínicas médicas que oferecem procedimento pelo SUS

Procedimento de hemodiálise, que é oferecido pelo Sistema Único de Saúde, é vital para os renais crônicos – Foto: Raul Spinassé

Pacientes renais crônicos que realizam hemodiálise na Bahia serão beneficiados pelo governo do estado, que fará o cofinanciamento do tratamento nas clínicas de diálise que prestam serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS). A liberação desse recurso deve atender imediatamente 132 pessoas.

A decisão foi anunciada na última quarta-feira, pelo governador Jerônimo Rodrigues e a secretária de saúde do estado, Roberta Santana. Para que fosse liberado o recurso, a Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) e a Associação de Pacientes Crônicos Renais da Bahia se reuniram diversas vezes com representantes do governo estadual e até protestaram apresentando a situação dos pacientes internados em hospitais e a crise financeira  das clínicas de tratamento renal.

Espera

O presidente da ABCDT, Yussif Ali Mere, explica que esses 132 pacientes estavam esperando a complementação do valor oferecido pelo SUS para as clínicas de diálise abrirem novas vagas, visto que elas estavam tendo prejuízo. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) vai fazer uma complementação de 25% em cima do valor da sessão de hemodiálise paga pelo SUS, que atualmente é de R$ 218,47. A vigência deve ser até o final do ano ou até o Ministério da Saúde aumentar o valor.

“O Ministério da Saúde tem falado que o financiamento tem que ser compartilhado com estados e municípios, que nunca ocorreu até então. No Brasil, a Bahia é um dos únicos cinco estados que estão complementando e corrigindo uma distorção no preço de sessão de hemodiálise, o que significa uma sensibilidade para com os pacientes. Eles prometem um reajuste, mas não concedem. A situação hoje é que a diálise custa muito mais do que o SUS repassa”, pontua Yussif.

Com o preço defasado da tabela SUS de acordo com a ABCDT, os pacientes estavam internados em hospitais públicos aguardando regulação para as clínicas de hemodiálise. Maria do Socorro, presidente da Associação dos Pacientes Renais da Bahia, disse que existem pessoas que estão nessa situação há mais de um ano.

“De tanto que corremos atrás, houve este aumento. Já saiu no diário oficial da sexta-feira que as clínicas podem receber os pacientes. Estamos esperando até esta quarta-feira, uma semana depois do anúncio, a resposta que ainda não veio das clínicas. Já era para estar admitindo. Não tem mais condições desses pacientes esperarem mais tempo. Alguns estão com problemas psicológicos, falando até que preferem morrer. É muito triste”, disse Maria.

Já a atuação conjunta entre a ABCDT e a associação de Maria do Socorro foi muito comemorada por ela porque seriam mais pacientes que precisam da regulação e não estão cadastrados no sistema, não entrando assim na contagem. Além dos 132 pacientes que estavam internados, a Bahia conta com 8.387 pacientes renais crônicos que fazem hemodiálise pelo SUS, segundo os dados fornecidos pela Sesab.

Ações

A iniciativa do governo do estado, a partir da mediação dos órgãos, levou em consideração este número de contemplados no projeto que envolveu outras medidas no setor de regulação e teve um investimento de

R$ 116 milhões por ano. Em discurso no anúncio das medidas, Jerônimo afirmou que o estado iria agilizar o processo para que o recurso comece a ser repassado para as clínicas o mais breve possível.

A secretária Roberta Santana reconheceu a necessidade de reajuste do valor e a falta de capacidade operacional das clínicas, o que as motivou a restringir o atendimento. O que foi comemorado pela ABCDT.

“Essa conquista é a prova de que a união e esforço coletivo entre clínicas, pacientes e entidades é fundamental. Pois a luta não é visando lucro e sim por um tratamento digno e de qualidade para os pacientes que necessitam da diálise para viver”, declara Maurício Cerqueira, diretor regional da ABCDT na Bahia.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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