Projeto de lei quer reconhecer Exu como patrimônio do Rio

A desmistificação do orixá da Grande Rio entrará em pauta na Câmara Municipal em proposta do vereador Átila A. Nunes (PSD)

O ator Demerson Dalvaro interpretou Exu no desfile da Grande Rio Foto: Mauro Pimentel / AFP

RIO — A influência de Exu, orixá homenageado pela Acadêmicos do Grande Rio, transbordou a Marquês de Sapucaí para chegar à Câmara Municipal do Rio. Um projeto de lei do vereador Átila A. Nunes (PSD) quer transformar a entidade afro-brasileira em patrimônio do Rio. A proposta é que, com isso, a desmistificação da divindade ajude a combater o preconceito religioso.

O projeto de lei foi protocolado na quarta-feira (27), um dia depois da Grande Rio conquistar o título inédito no carnaval carioca. Na Avenida, a escola de Duque de Caxias contou a história de Exu, orixá do movimento e da comunicação. Se aprovado em duas votações pelo Plenário da Câmara Municipal do Rio, o texto segue para sanção do prefeito Eduardo Paes.

Acadêmicos do Grande Rio leva enredo sobre Exu para a Marquês de Sapucaí Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Acadêmicos do Grande Rio leva enredo sobre Exu para a Marquês de Sapucaí Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

— Infelizmente muitos distorcem o que seria o significado de Exu por conta de desconhecimento. O preconceito é filho da ignorância, no sentido de ignorar, desconhecer. A Grande Rio deu essa contribuição única quando trouxe o tema do Exu, num desfile certamente histórico, quase que incentivando e estimulando a fazer esse movimento de romper com esse preconceito e, de alguma forma, levar para a sociedade, mesmo que pelo simbolismo da arte, do carnaval ou de um projeto de lei — disse o vereador.

Em seu perfil nas redes sociais, Átila A. Nunes falou sobre a vitória da escola de samba, em que a parabeniza “por mostrar um desfile que certamente vem pra romper com o preconceito religioso”. Em uma das publicações, ele escreveu:

“Com muita coragem, a escola de Caxias levou para a Sapucaí um desfile que fala dos Exus, que tanto são olhados de uma forma completamente errada. Eles nada mais são do que protetores. Temos que respeitar aqueles que têm nos Exus os seus protetores. E tenho certeza de que a Grande Rio deu uma lição e, por coincidência ou não, ganhou e foi brindada com essa vitória, que carrega uma mensagem de rompimento do preconceito religioso. Parabéns a todos que fizeram esse Carnaval tão lindo, o Carnaval da resistência.”

O vitorioso enredo “Fala Majeté! Sete Chaves de Exú” também rendeu prêmios no Estandarte de Ouro, promovido pelos jornais O GLOBO e Extra. A Grande Rio foi eleita a melhor escola do Grupo Especial, e ainda abocanhou as categorias Fernando Pamplona, melhor bateria e enredo, isto pelo júri especializado. A escola de Caxias ainda ganhou destaque do público, justamente pela figura de Exu, representado pelo ator Demerson Dalvaro.

— Espero poder contar com a Casa para que a gente possa aprovar o projeto. O Rio é uma cidade que tem espaço e ambiente para receber a todas as correntes religiosas com tolerância e respeito. É aquela máxima: “respeite o meu axé também” — salientou Átila A. Nunes.

A Grande Rio conquista o Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial no desfile de 2022 Foto: GuitoMoreto / Agência O Globo
A Grande Rio conquista o Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial no desfile de 2022 Foto: GuitoMoreto / Agência O Globo

Fonte: O Globo

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