“Racismo, Discriminação e Preconceito” foi tema de live que iniciou a programação do Julho das Pretas

Foto: Roberto Fonseca/SECOM

A campanha Julho das Pretas, realizada pelas secretarias de Assistência Social (SEMAS), e de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), em articulação com o Conselho Municipal de Desenvolvimento da Comunidade Negra e Afrodescendente e o Conselho Municipal da Mulher, traz temas importantes e necessários voltados à superação das desigualdades de gênero e raça.

Neste ano, em alusão à campanha, a Prefeitura de Alagoinhas está trabalhando com o tema geral: “Não se Cale: Dê uma basta a toda a violência contra à mulher”. O Julho debate o direito das meninas e mulheres negras à comunicação, à representação política, a luta pelo acesso a direitos, e o enfrentamento ao racismo, ao sexismo, e às violências e o feminicídio, que atingem em maior proporção as meninas e mulheres negras, problemas intensificados durante a pandemia da Covid-19.

Abrindo as atividades da campanha, na noite desta quarta-feira (07), aconteceu a primeira das quatro lives previstas na programação. Foi a “Live das Pretas”, que tratou sobre o tema “Racismo, Discriminação e Preconceito”. A live aconteceu no Espaço Colaborar, na Biblioteca Municipal Maria Feijó, e foi transmitida pelas redes sociais da Prefeitura, com apresentação de Juliana Persan, que é enfermeira obstetra, maquiadora profissional, modelo independente, Miss Alagoinhas e Miss Brasil Mesoamerica. Ela atua nas redes sociais com um público majoritariamente feminino e aborda temas como autoestima, autonomia, autocuidado e beleza.

Foto: Roberto Fonseca/SECOM

A abertura foi feita pela secretária de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), Iraci Gama, e o debate contou como convidadas, Lindinalva de Paula,  Educadora Social , Asssessora Técnica  da  Rede de Mulheres Negras da Bahia e Vice – Presidenta do Conselho de Desenvolvimento das Comunidades Negras da Bahia, e Uiara Lopes, técnica  da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia. atuante em ações de políticas públicas para pessoas negras pela igualdade, e membra da UNEGRO – União de Negras e Negros pela Igualdade há 32 anos, da Confraria de Oyá e do Grupo de Mulheres de Axé do Brasil – MAB.

Na ocasião, a secretária da SECET, Iraci Gama, nos brindou como uma verdadeira aula sobre as questões históricas que envolvem a comunidade afrodescendente , em Alagoinhas. “ Essa nossa região foi farta de engenhos, dos quais ainda temos as marcas, e onde os herdeiros destes africanos escravizados que lá trabalhavam ainda residem, que são os povoados do Cangula, Oiteiro e Catuzinho identificados pela Fundação Palmares como comunidades quilombolas. Nessas mesmas regiões tínhamos os indígenas, que também não aceitaram o controle dos portugueses, ficaram na parceria como os nossos negros, e juntos, nos deixaram não apenas as marcas da luta, do sofrimento, mas um rico legado. Nos deixaram a inteligência, a resistência, a superação, marcas culturais fortíssimas na religiosidade, na gastronomia, na arte, na alegria, no modo de pensar, de sentir e de se viver. E nesse Julho das Pretas reafirmamos o orgulho das nossas raízes, uma vez que somos o símbolo da superação”, declarou Iraci.

Foto: Roberto Fonseca/SECOM

Mulher negra e alagoinhense, Lindinalva de Paula destacou a importância do Julho das Pretas como fruto da luta histórica do movimento de mulheres negras. “ O mês vem se firmando e se consolidando nos últimos anos e é uma uma ação que nasceu especificamente na Bahia, no Instituto Odara, visando  construir uma agenda coletiva. A exemplo do 20 de novembro, e  de outras datas, o 25 de julho é um momento de chamamento para pensamos o nosso papel,  e cobrar rigor poder público e da sociedade, uma vez que, infelizmente, ainda somos um país extremamente misógino, racista e  LGBTQIAfóbico, Não temos nada para festejar. A população de mulheres negras não é minoria, já passamos de 56 milhões no país, o que representa 44%.Somos, sim, minoria na representatividade política, minoria na TV, em cargos no poder público e no legislativo e em diversos outros espaços”, registrou Lindinalva.

Foto: Roberto Fonseca/SECOM
Foto: Roberto Fonseca/SECOM

“É por isso que a politica de enfrentamento não se resume à denúncia.  São ações construídas junto com as forças de segurança e com o suporte de uma efetiva rede de acolhimento a estas mulheres. Nos entendemos que alguns aspectos têm necessidade de avanço, e ciente de que as violências contra as mulheres negras só vem aumentando, especialmente por conta da pandemia, e que isso restringe o acesso aos espaços e serviços, buscamos diversas formas de solucionar seus dramas com politicas diretas da SPM, como a delegacia digital, ações nas escolas e zona rural, rede de diálogo com mulheres, atendimento via WhatsApp, Ronda Maria da Penha, capacitação das forças de segurança, discussões em diversos espaços sobre a masculinidade toxica, Rede Mulher Solidaria, campanhas permanentes, e construção de alinhamentos com os municípios para políticas de enfrentatento às violências e autonomia feminina negra”, completou Uiara Lopes.

Exibição de outras lives, lançamento de serviços como a “Ouvidoria para Elas”, links de consulta pública para que a população possa expressar suas demandas para a construção de uma política local para mulheres, Aplicativo Municipal para Assistência de Mulheres em parceria com o Ministério Público, abordagens nos equipamentos públicos e privados, nas comunidades, articulação com a Coordenação de Políticas Raciais e com o Conselho Municipal de Desenvolvimento da Comunidade Negra e Afrodescendente e Conselho Municipal da Mulher, são alguns dos projetos e ações que serão desenvolvidos durante o mês.

Homenagens também marcarão as atividades a fim de promover o reconhecimento do protagonismo das mulheres negras do município.

Marco de lutas

Desde 1992, o dia 25 de Julho é comemorado como o Dia Internacional da Mulher Afro-Latina, Americana e Caribenha. Essa data marcou o último dia do primeiro Encontro Internacional de Mulheres Afro-Latinas Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em Santo Domingos, na República Dominicana. A data simboliza a luta das mulheres negras por uma sociedade justa e livre de todas as formas de preconceito, discriminação e violência.

No Brasil, o Dia 25 de Julho homenageia Tereza de Benguela, líder do Quilombo de Quariterê – MT; por meio da Lei 12.987/2014 a data tornou-se o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Fonte: SECOM/Alagoinhas

Next Post

Decreto modifica horário de toque de recolher e libera eventos para até 100 pessoas

Qui Jul 8 , 2021
O Governo do Estado decidiu prorrogar a restrição de locomoção noturna até o dia 23 de julho, em todo o território baiano. A partir desta sexta-feira (9), a medida passa a valer das 24h às 5h. Além do toque de recolher, decreto publicado no Diário Oficial do Estado (DOE), nesta sexta-feira (9), autoriza a realização de […]

Postagens